A atenção domiciliar vem se consolidando como uma alternativa importante na prestação de serviços de saúde, especialmente em países como o Brasil, onde a falta de recursos, estrutura e profissionais tem direcionado cada vez mais pacientes para essa modalidade de atendimento. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é discutir as principais apostas e desafios atuais da atenção domiciliar e sua relação com a produção do cuidado.

Uma das principais apostas atuais na atenção domiciliar é o uso da tecnologia para ampliar e facilitar o atendimento. A telemedicina, por exemplo, tem se mostrado uma ótima alternativa para atender pacientes que não podem se deslocar até uma unidade de saúde e possibilita a realização de consultas médicas à distância. A utilização de aplicativos de monitoramento também tem sido uma opção interessante para possibilitar o acompanhamento dos quadros clínicos dos pacientes, com o registro de dados para posterior análise.

Outra aposta importante é dar mais espaço para o papel da enfermagem no cuidado domiciliar. Profissionais de enfermagem têm um papel fundamental na assistência domiciliar, atuando como agentes que promovem a integração dos pacientes com os diversos serviços de apoio disponíveis na comunidade, além da realização de procedimentos específicos e da orientação dos pacientes e familiares.

Entretanto, apesar de seus benefícios, a atenção domiciliar também enfrenta grandes desafios. Um dos principais deles é a humanização do cuidado, que não pode ser desconsiderada em meio à crescente tecnologização em saúde. É preciso garantir que os pacientes atendidos na modalidade domiciliar recebam cuidados éticos, eficientes e baseados na empatia e na relação profissional/paciente, fatores que muitas vezes são negligenciados em meio às rotinas de produção do cuidado.

Outro grande desafio é garantir que a atenção domiciliar seja oferecida de forma regular e segura, com equipes multidisciplinares capacitadas, envolvendo profissionais como enfermeiros, fisioterapeutas e assistentes sociais. A falta de infraestrutura, insumos e equipamentos adequados, além da falta de capacitação da equipe de atendimento, são fatores que podem comprometer a efetividade desse modelo de cuidado.

Em resumo, a atenção domiciliar é um modelo de cuidado que apresenta imensas possibilidades, mas ainda é pouco explorado no Brasil. É preciso investir em tecnologia, capacitação de profissionais de enfermagem e equipes multidisciplinares, além de garantir que o atendimento seja oferecido de forma humanizada e segura para os pacientes e suas famílias. O desafio é propiciar uma assistência integral e de qualidade para os pacientes, considerando suas individualidades e necessidades específicas.